A satisfação
plena do marco atingido. É o que aconteceu ontem comigo. No lançamento de SÃ
LOUCURA houve uma loucura, uma sã loucura. O livro fala muito de mim e do meu
pequeno mundo e ontem o dia rodeou a minha volta.
Com um programa
quase irrealista de lançamento chegamos a Assomada com um atraso de 10 minutos.
O público não era muito, já tinha sido alertado pelo meu amigo professor Daniel
Medina, mas como sempre achei que ia conseguir a inversão do já considerado um
facto consumado, enganei-me, não muito, pois tive uma casa bem composta, não o
que expectava, mas o que foi possível.
Levei para
Assomada a minha amiga Antonieta Lopes, o grupo de teatro “ UMBRELLA TAPA TXUBA”,
o grupo de musical “RABOITA” e... Deixei
para o fim, o grupo musical de São Domingo. Deixei para o fim propositadamente.
Há quase dois anos escrevi um poema inspirado num acontecimento muito triste. A
morte de uma prima da minha mulher e, sobretudo, minha amiga.
Nas cerimónias fúnebres
dela as conversas, que habitualmente é sobre as qualidades do defunto ou da
defunta, foram todas à volta do filho, que batizei de José. Todos perguntavam
por ele e falavam dele. Uns em monossílabos, que para nós é como se falassem
tudo e mais alguma coisa. Ele foi um grande ausente e como era filho único,
mais se notou a central ausência. Eu sabia que muito do que diziam era injusto,
já fui correio do José por várias vezes... Não era verdade que ele nunca dava
noticias, mas como existe vários “José” em que as vicissitudes da vida foram
superiores as saudades enormes que se sente da nossa terra e se desligam...
Embora sofrendo diariamente... Assim
nasceu o poema “JOSÉ NEN NOBA NEN NOTISSIA” escrito no crioulo e transformado
pelo grupo de São Domingos na composição.
Ontem ouvi a uma
das mais belas composições, sou suspeito, mas com tanto aplauso e pedido de
bis, resta esta conclusão.
Um pouco ofuscado
com a música tivemos uma representação invejável dos outros dois grupos. O do
teatro, “ UMBRELLA TAPA TXUBA”. Fez uma bela peça onde fundiu duas das crónicas
do livro “Sã Loucura” e o grupo “RABOITA” presenteou-nos belas e melodiosas
musicas.
Por fim,
terminou-se com uma curta metragem de Mario Almeida, um amigo meu, “A RAPARIGA”.
Ninguém teve coragem de sair, muito embora a fome já fizesse as suas exigências.
Dava ideia que todos desejavam transformar a sala de espetáculo da Universidade
de Santiago da Assomada numa enorme tenda!
João Furtado
Praia, 29 de
Junho de 2014
http://joaopcfurtado.blogspot.com
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