Tenho pouco mais de dezoito anos.
Vivo com os meus pais e tenho o meu pequeno quarto. Todo ele pintado de rosa.
Sou a única filha deles. Tenho irmãos, mas apenas eu é que sou menina, portanto
sou a coqueluche da família.
Sozinha no meu quarto, aprendi a
dormir tal qual eu nasci. Vivo numa terra de temperatura alta, o mínimo nunca é
inferior aos 22 graus centígrados. Tomei o meu banho nocturno e aproveitei para
lavar a cabeça. Amarei a toalha de banho e foi para o meu quarto, uma toalha
castanha e muito fina, adoro muito usa-la.
O quarto, totalmente nua, eu pequei
na toalha e amarei a cabeça, ela era enorme e sobravam duas pontas.
Completamente nua, como já afirmei, deitei e dormi…
Acordei, eram meia-noite em
ponto. Prostrei-me sobre a cama. Tinha apenas um lençol vermelho sobre a minha
parte intima e o resto era a pele nua. Vi para a parede a minha frente. Havia uma
sombra em forma de asa em forma circular e no centro, uma espécie de um buraco
branco de onde senti uma brisa suave que me envolvia. Os meus seios jovens e
firmes estavam com a sensação de serem acariciados. Senti-me envolvida numa música
nunca antes ouvida. Embalei-me ao som e passei para um estado, diria eu, entre
dormir e acordar. Entre realidade e sonho, foi nesta fina cortina que vi o que
nem eu acredito…
Ele entrou… Foi pelo “buraco
branco”. O príncipe, até vinha com o turbante e a espada. Abraçou-me e beijou-me.
Trocamos caricias. Ele, sentindo o calor que cá temos, achou por bem copiar-me
e eu ajudei-o a se transformar num “sem roupas”. Eu e ele na flor da nossa
pele, mudos e surdos, nos comunicamos. Toda a nossa pele, minha e dele foi o
nosso meio de comunicação. Donde o nosso inesperado amor tudo pode dizer e
fazer.
Acordei tarde e sozinha, com o
grito da minha mãe:
-Mariazinhaaaaaa! Já passa da
hora de acordar, menina!
A minha primeira reacção foi
observar a parede, com a luz do dia, nem sombras, nem “buraco branco”.
Na minha memória ficaram o prazer
vivido e a ideia estranha de reparar que quando o meu Príncipe se ia embora, o centro
da sombra me pareceu negro… será que ele veio pelo “buraco branco e regressou
pelo “buraco negro”… Ou não passou de mais um dos muitos sonhos estranhos que
tenho tido nos meus últimos quatro anos, desde que me transformei numa moça?
João Furtado
http://joaopcfurtado.blogspot.com
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