terça-feira, 25 de agosto de 2009

O MEDO DE TER MEDO

Quero poder escrever
Sem medo de ter medo
Dizer tudo o que quero dizer






Pôr por escrito, enfim, e, rasgar
Sem medo de ser penalizado
Quero poder escrever
Sem medo de ter medo
Dizer o que sinto e o que não posso dizer
Falar sobre a seca na Etiópia


E a guerra na Eritreia, falar de "EL NINA"
E das cíclicas chuvas de Moçambique
Das suas cheias sem solução
Sem ter medo de ter medo








Quero poder escrever
Sobre medo das bombas
E dos bombistas suicidas
Na Europa e na América
Quero poder escrever
Sem medo de ter medo
















E falar dos medos de ter guerra
E da vontade de ter paz
Que para guerra tem levado
Quero poder escrever
Escrever ler e rasgar
Fingir que sou poeta
E fingir que sou amante do poema
Escrever ler e rasgar
Escrever sobre cabeças rapadas
E do racismo e suas vitimas
Quero poder escrever
E dizer tudo sobre Zimbabué
E do seu neo-racismo
Escrever ler e rasgar
Quero poder escrever




Sobre Quénia e sobre eleições
Sobre eleições justas e sobre justas eleições
Quero poder escrever
E dizer tudo sobre direito da duvida
E as duvidas do direito




Quero poder dizer tudo sobre
Manifestações e sobre razões de se manifestar
Quero poder escrever
Sem medo de ter medo
E dizer tudo sobre exílios
E o direito de exilar ou morrer
Mas falta-me palavras para escrever
E dizer o medo que sinto de ter medo !

terça-feira, 4 de agosto de 2009

A FILHA DO MEU AMIGO NASCEU



Como não canso de dizer, apenas brinco com as letras, sinto um fascínio enorme por juntar as letras e formar palavras. As palavras agrupadas umas atrás de outras na tentativa de formar frases com mais ou menos sentido.
Tenho prazer em fazer um acróstico e nele brincar com os meus próprios sentimentos. Fingir que estou alegre, as vezes com a própria alegria vivida.
A dor também é fascinante para mim. Continuo a chorar a minha mãe, ela morreu faz quase seis anos, mas a sinto tão perto de mim. As vezes, eu não resisto e faço poemas para ela. Uns pouco melhores que outros, mas todos frutos da saudade eterna que dela sempre terei.
Também já fiz alguns poemas para os meus colegas, uns nos momentos alegres, mas a maioria nos momentos que as saudades mais apertam.
Alguns por mudarem de trabalhos, outros, infelizmente, os mais difíceis de fazer, entretanto os mais necessários, quando partem para o outro mundo. Mas todos espontâneos. Nenhum por encomenda.
Será que é mais difícil escrever por encomenda?
Um dos meus colegas de trabalho, o Jocelino Delgado, é pai pela segunda vez. Pai de uma linda e fofinha menina, não é que ele achou que, por direito, merecia um poema para a filhinha dele? A verdade é que eu também achei.
A lindíssima menininha merece muito mais que simples poema, existe apenas um pequeno problema. O bloqueio que sofro sempre que me pedem para escrever.
Gosto muito de dar, de oferecer, mas sinto certa dificuldade quando me pedem alguma coisa. O meu espírito altruísta sente sempre abalado perante um pedido, vejamos se consigo superar este…


ALISSIA JOCIANY DELGADO

ALISSIA querida menina nascida

Lembranças do teu pai que tanto

Insistiu para escrever-te um poema,

Sei que mereces, tua beleza,

Sabes, és bela e perfeita

Imperiosamente muitos poetas cantarão

A mim me resta ser a pedido do teu pai!


JOCIANY, o Jocelino teu pai ficou

Ouvi que te digo, todo babado

Claro, menina, quem não ficaria?

Isto de ser pai é mesmo assim

Ainda por cima, ser de ti, o pai

Não podia esperar outra coisa dele

Ya, ele esta feliz e muito contente!


DELGADO, aproveito, para neste poema

Enviar meus parabéns a tua mãe

Linda filha és de ambos com certeza

Graças a Deus te desejo sempre

A paz seja tua sombra no dia a dia

De carinho e amor nunca tenhas falta , e,

O mais importante, que sejais muito feliz!


Parece-me que consegui, não posso garantir a qualidade, é o primeiro poema que faço por encomenda. Será que conseguirei fazer mais?
Como o ser humano é tão egoísta…olhem só que me veio a cabeça. A ideia de arranjar dinheiro…, passar a ser um poeta por encomenda. Olha, não é ma ideia, pelo menos garantiria um leitor por cada poema que fizesse. Ninguém iria me pagar sem ler primeiro. Vou pensar nesta alternativa. Mais uns tostões, até vinham a calhar…




João Furtado



Praia, 28 de Julho de 2009.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

SEM COR NEM SEXO NEM RELIGIÃO




Tenho um sonho
Que comigo sempre esteve
Não quero ver um negro na presidência
Na Europa ou nos Estados Unidos
Nem quero ver um branco
Na presidência na África
Não quero ver um mestiço
Na presidência em qualquer parte do mundo
Não quero ver uma mulher
Na presidência em qualquer parte do mundo
Em suma não quero ver branco, negro ou mulher
Num cargo de destaque
Quero ver uma pessoa
Quero ver uma qualidade humana
Quero ver um presidente pela sua qualidade
E que nunca seja de minoria ou maioria étnica
Mas que seja do ser humano
Seja presidente por ser presidente
E que ninguém fale de ser branco
E que ninguém fale de ser mestiço
E que ninguém fale de ser mulher
E que todos falem que tem qualidade
Para no mundo governar
Sem ter em conta a cor ou o sexo ou a religião.
João Furtado