sexta-feira, 8 de março de 2013

MULHER PEDINTE

MULHER PEDINTE




Usa saias, as vezes calça

Sai e vende, vende tudo

Na cintura um avental

Ou simplesmente um bolso

Um bolso onde tudo leva

Mas que fazer?

Tem que viver

E viver é vender

É vender e vender

Vende peixes, vende carne

Vende todos os peixes do mar

E vende toda a carne

Até a sua própria carne

Vende frutas e vende bolachas

Vende roupas e que roupas

Até anda nua

Mas tem que vender

Vendeu carne

E nos braços andou

Com o fruto da carne

E para que o fruto cresce-se

Carne vendeu de novo

Hoje tem muitos filhos

E nenhum marido

E tem que continuar a vender

Vende e vende e vende

Mas poucos já compram

A carne esta velha

E o rosto esta enrugado

Mas tem que vender

Tem que vender o que já não tem

Para vender ficou só o nome

Ela é “rabidante” e tem que “rabidar”

Mas “rabidar” o que já não se “rabida”

Ela é “rabidante”

Ela tem que “rabidar”

Ela tem que vender

Vender o que já não pode vender!



João Furtado

http://joaopcfurtado@hotmail.com