MULHER PEDINTE
Usa saias, as vezes calça
Sai e vende, vende tudo
Na cintura um avental
Ou simplesmente um bolso
Um bolso onde tudo leva
Mas que fazer?
Tem que viver
E viver é vender
É vender e vender
Vende peixes, vende carne
Vende todos os peixes do mar
E vende toda a carne
Até a sua própria carne
Vende frutas e vende bolachas
Vende roupas e que roupas
Até anda nua
Mas tem que vender
Vendeu carne
E nos braços andou
Com o fruto da carne
E para que o fruto cresce-se
Carne vendeu de novo
Hoje tem muitos filhos
E nenhum marido
E tem que continuar a vender
Vende e vende e vende
Mas poucos já compram
A carne esta velha
E o rosto esta enrugado
Mas tem que vender
Tem que vender o que já não tem
Para vender ficou só o nome
Ela é “rabidante” e tem que “rabidar”
Mas “rabidar” o que já não se “rabida”
Ela é “rabidante”
Ela tem que “rabidar”
Ela tem que vender
Vender o que já não pode vender!
João Furtado
http://joaopcfurtado@hotmail.com