quinta-feira, 2 de setembro de 2010

EU E TU E O RELÓGIO PARADO

Amor os dias são cada vez mais longos

E aquele relógio que dava hora

Está totalmente parado agora

E eu... sinto falta dos nossos diálogos!



Já não recordas do relógio?

É ele que me acompanha

Tu o compraste naquela campanha

Da loja da esquina, a do Gregório!



Nunca ia a lado nenhum sem ti

Estávamos sempre juntos os dois

Talvez nem lembres... pois

Da alegria que na altura senti!



Nem tudo era cor de rosa

Mas vivíamos juntos todos os momentos

As vezes com os nossos lamentos

Outras vezes numa felicidade primorosa!



Sei que são da vida as contingências

A tua saúde exige a nossa separação

Mas é grande a falta no coração

E os meus ciúmes com suas exigências....



Tenho ciúmes amor, muito ciumes, te juro

Imagina que até do relógio também

Como ficaria a ti esperar tão bem

Se parado estivesse como ele… no escuro...



É verdade quando vieres traga uma pilha

(o relógio vai querer acordar e contigo

Sorrir e dar horas e minutos, que comigo

Ele fechou-se que nem um desértica ilha)



Tenho que te deixar querida e meu amor

Vou trabalhar, ficas no quadro sobre a mesa

E levo-te no coração comigo é uma promessa

Vais me acompanhar e moderar o meu humor!



E a noite quando cansado regressar

E cheio de saudades te ligar pelo telefone

Sabe, não terei outra qualquer fome

Senão de te atender e ouvir e escutar



E cansado irei descansar, mas te levarei

A tua fotografia no quadro, aquele quadro

Podes achar e com razão que sou “malandro”

Mas sozinho, juro-te amor, jamais dormirei !





João Furtado



Praia, 01 de Setembro de 2010