sábado, 31 de dezembro de 2011

Retribuição

Agradeço e tento retribuir
Os singelos votos enviados
Acho contudo não possuir
Talento e arte tão desejados!


A Paz que não falte ao mundo
E não seja preciso armas usar
Que apenas o discurso para a alcançar
Seja suficiente e muito preferido!


A crise seja ultrapassada com caridade
E para todos os homens a partilha
Seja novamente a única cartilha
Para terminar esta universal fatalidade!


Que mais posso desejar senão o amor
Para iluminar os homens terrenos
E para todos, muito mais serenos
Consigam suportar, cada um, a sua dor!


João Furtado

http://joaopcfurtado.blogspot.com
Praia, 31 de Dezembro de 2011

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

FELIZ ANO NOVO PARA UMA AMIGA

F Fizeste uma linda arvore
E E nela colocaste teus desejos
L Lembraste de me enviar...
I Imaginei retribuir... Mas...
Z Zelosamente preferi brincar...

A Apanhei uma letra aqui outra ali
N Neste teclado ja meu amigo e...
O Os meus desejos para ti escrever...

N Novo Ano que se avizinha...
O O amor, a Paz e muita Saude...
V Victorias pessoais e profissionais
O Outras novas, tudo de bom para ti e os teus, amiga!


Joao Furtado


Praia, 30 de Dezembro de 2012

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

ANO NOVO, VIDA VELHA !

A A Primavera árabe em Outono já vai
N Nada de novo senão o ano que termina
O O Inverno adivinha-se rigoroso e frio!

N Na Síria a noticia é de morte e violência
O O Egito continua a ter a militar ditadura
V Vejo a Guiné-Bissau com mais um golpe
O Os muçulmanos na Nigéria continuam intolerantes!

V Vidas ceifadas enquanto rezam ao Deus
I Igrejas incendiadas em nome do Honrado
D Divino e mesmo Deus… Não entendo tanto ódio
A A paz quanto mais falada mais distante…

V Vai-se acreditar no amanha um dia
E E sonhar com o paraíso terrestre
L Livre do ódio e da ganância e da guerra…
H Hoje e ontem em reflexão pouco prometem
A A Terra parece caminhar mais para o apocalipse!

João Furtado
Praia, 29 de Dezembro de 2011

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

NATAL NATAL NATAL

N Nostalgicamente vivo estes dias
A As compras… Os presentes e eu ausente…
T Tento ver o Menino e a sua Luz
A A Terra está muitíssimo carente…
L Lamentavelmente precisa de carícias….

N Naturalmente os homens armas esgrimem
A As bombas cada vez mais fabricadas
T Tudo para mostrar a força que não existe…
A A violência… as destruições são catastróficas
L Levam tudo… Como é cruel o homem para com o homem!

N Na chamada Primavera Árabe alguma esperança nascida
A Afinal no Egito só se pode vangloriar… A destruição
T Tudo novo…, Tudo tão igual ao antigo… A militar ditadura
A Apenas caiu um Mubarak e seus aliados. É a pura maldição
L Lembram da Líbia? Que pode significar esta amnésia adquirida?


João Furtado

Praia, 21 de Dezembro de 2011

domingo, 18 de dezembro de 2011

CESÁRIA ÉVORA

CESARIA EVORA



C Cabo Verde Orgulhosamente está de luto
E E não é para menos certamente
S Sua... Uma das mais nobres filhas...
A A morte levou para o descanso eterno
R Rezemos pela sua alma
I Ilustre e sublime e digno
A A alma que pela Voz mostrou Cabo Verde ao mundo...

E Ela foi e será a Bandeira desta Nação
V Verdadeiramente grande no povo exemplar...
O O Mundo olha para estas minúsculas Ilhas com...
R Respeito, graças a ti Cize e aos outros filhos Das Ilhas
A As tuas mornas e coladeiras são eternas... E tu..., viva nelas!

João Furtado

18 de Dezembro de 2011

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

FELIZ NATAL

Feliz NATAL

N NNNada melhor que a Paz e a Amizade
A AAA ti desejo que a vida seja em Paz
T TTTenhas muitas alegrias e saúde
A AAAmor também é um bem precioso
L LLLeve tudo isto como minhas prendas!

João Furtado

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

SANTO NATAL

SANTO NATAL

N Nestes dias até se torna bastante benevolente
A A caridade parece em todos, muitíssimo evidente
T Tem-se a concórdia e a Paz e a festa na mente
A Até esquecemos algumas graves desavenças
L Lembramos e tentamos curar as nossas doenças…

S Sinceramente continuo pessimista com os humanos
A Andamos a destruir este belo e único Planeta
N Na procura insensata de tudo que de graça
T Temos recebido da Natureza… Onde está a meta?
O O que iremos deixar para os nossos filhos e netos?


João Furtado


Praia, 14 de Dezembro de 2011

João P.C. Furtado: NATAL

João P.C. Furtado: NATAL

NATAL

NATAL

N Nestes dias até se torna bastante benevolente
A A caridade parece em todos, muitíssimo evidente
T Tem-se a concórdia e a Paz e a festa na mente
A Até esquecemos algumas graves desavenças
L Lembramos e tentamos curar as nossas doenças…

João Furtado


Praia, 14 de Dezembro de 2011

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

João P.C. Furtado: NATAL

João P.C. Furtado: NATAL

NATAL

NATAL

N Não consigo festejar este NATAL
A A Guerra… Ela não nos deu tréguas…
T Tanto sangue… Tantas lágrimas… Tanta morte…
A A fome… A crise… A violência… Tantas mágoas…
L Lamento mas este não é o meu NATAL!

João Furtado
Praia, 06 de Dezembro de 2011

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

ARISTIDES MARIA PEREIRA

ARISTIDES

A A Paz a tua alma te desejo
R Rezo por ti, senhor presidente
I Infelizmente partiste e que descanses
S São regras da vida, a morte faz parte
T Tiveste tua parte na historia deste País,
I Ilhas no meio de mar que forma Cabo Verde,
D Da tua Pátria fica a saudade de um homem
E Especial que à sua maneira soube
S Servir a Terra querida que o viu nascer!

M Memória tua na história escrita está
A Acredita que onde de Cabo Verde se falar
R Recordado serás como o primeiro
I Independente governante destas Ilhas
A As no meio do Atlântico plantadas para o mundo!

P Pátria tua te deve o teu esforço
E E tua determinação quando foi preciso
R Respeitos meus és merecido
E E hoje que deixas esta vida
I Imperiosamente deixas saudades
R Rezo e suplico aos Anjos e Santos
A A interceder por ti na Gloria Divina!



João Furtado

domingo, 25 de setembro de 2011

DE PAI PARA FILHO





JOAO FURTADO

J Juanito, grande homem e belo filho
O O meu orgulho primeiro e hoje
A Aniversáriante, filho espero que...
O O dia de hoje se repita por longos anos!

F Frutos de amor e paz colhas
U Unicamente e em abundancia
R Replecto do bem por este mundo
T Tu caminhes com rectidão
A A tua familia sejas o garante
D Da vida tires para ti sempre o bem...
O O desejo de felicidades, é o meu presente!

João Furtado

25 de Setembro de 2011

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

ARISTIDES



A A Paz a tua alma te desejo
R Rezo por ti, senhor presidente
I Infelizmente partiste e que descanses
S São regras da vida, a morte faz parte
T Tiveste tua parte na historia deste País,
I Ilhas no meio de mar que forma Cabo Verde,
D Da tua Pátria fica a saudade de um homem
E Especial que a sua maneira soube
S Servir a Terra querida que o viu nascer!

João Furtado

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

BALA PERDIDA

BALA PERDIDA

Bum…. É o som da perdida bala
A bala que se tornou corriqueira,
Levou o pequeno Luizinho com ela,
A Inês também, que estava na cavaqueira!

Pistola e pão vendem-se por tostão
Esquina certamente sim, esquina talvez não
Rapaz com pistola se torna valentão
Duvido que saiba bem usar, senão,
Infelizmente não mataria o Romão
De cansado preparava para um banho,
A bala não viu que de guerra ele era estranho!


João Furtado

Praia, 01 de Setembro de 2011

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

NELITA, ISABEL


N Neste dia de festa de arrombar
E Especialmente para ti, meu amor
L Lindo ramo de bela e única flor
I Inventei primorosamente para te dar
T Toma com ele o meu coração
A Amor, e coloca junto do teu coração!




I Inspirar e tentar escrever um poema
S Sinceramente… Faltam-me palavras…
A Andei procurando ideias e comparações
B Bem… Senti apenas nossos dois corações
E Enlaçados há trinta anos, as nossas almas…
L Lindo dia 17 de Agosto, que a festa seja o tema!


Praia, 17 de Agosto de 2011

JOAO FURTADO



terça-feira, 16 de agosto de 2011

NELITA NELITA




N Naquela minha carta de amor
E Escrita com todo o primor,
L Lembro-me das palavras de cor
I Imaginei nela todo o nosso amor
T Tu… Bem… amanha, teu dia, com clamor
A Amor, escreverei para ti outra carta de amor…!

N Não sei se será do mesmo jeito
E E… Nosso amor não é perfeito
L Lidamos com o nosso humano defeito
I Isto é verdade, mas do meu peito
T Tentarei com o meu pensamento
A A carta de amor colocar meu sentimento!



João Furtado


Praia, 16 de Agosto de 2011

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

FENOMENO ESTRANHO

F Foi-me pedido um poema para o dia do pai
E E eu cá só tenho na mente a criança
N Naturalmente chocado com a pouco esperança
O Os brinquedos são cada vez mais mortais
M Mesmo porque a ocupação se escasseia
E E o lar não se apresenta melhor que a cadeia!
N Na revolta e pilhagem, na dor dos pais
O Os espaços de lazer são infernais!

E Entender que fogo ajuda a atear
S Sem receios agredir polícias
T Tomar de assalto esquadras
R Relegar Londres a dor e raiva… Não…
A A criança devia estar ocupada
N Na diversão saudável da formação
H Hoje estranhamente reduzida
O O resto é tristeza do acto… A cadeia desafiar!

João Furtado

Praia, 10 de Agosto de 2011

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

O LEÃO QUE RUGIA

O LEÃO QUE RUGIA


O Leão que rugia no deserto
Foi mostrado doente e enjaulado
Ainda que seja talvez o mais certo
Não foi por segurança atado!

Quis a historia mais uma vez
Mostrar o lado cruel dos humanos
Ou apresentar como exemplo talvez
Como quase sempre terminam os tiranos?

Ontem foi o Mubarak exposto
E nele procurei o ex-presidente
E por triste e pobre desgosto
Apenas vi nele um humilde doente!

Praia, 04 de Agosto de 2011

João Furtado

segunda-feira, 18 de julho de 2011

ÁLCOOL, DROGA QUE MATA!

A A Droga mata é verdade pura
L Lentamente, gole a gole, dependente
C Caminha-se para o fim previsto…
O O divertimento que julgamos ter
O Obviamente, tem um preço elevado
L Lamentar tardiamente pouco ajuda!

D Dizer que é apenas mais um grogue…
R Referir que se é forte e parar é fácil…
O O verdadeiro problema é começar
G Garanto-te que não precisas parar,
A Afinal, só para quem começa…

Q Quero te pedir que reflictas na vida
U Única e bela que tens como presente
E E não deixes que a bebida a destrua!

M Mesmo que seja legalmente aceite
A A verdade é que é droga pura
T Transforma liberdade em dependência e
A Atira-te para o mundo da morte lenta!


João Furtado

Praia, 18 de Julho de 2011

terça-feira, 5 de julho de 2011

PAPAS DE COCAINA






Querida Amiga Arlete

Sinceramente não sei por onde começar, querida amiga. Esta terra sempre me surpreende com casos destes. De um lado o esperado, dada a nossa localização geográfica, e por outro lado insólito.
É esperado que de vez enquanto bóie nas nossas águas pacotes de cocaína, estamos no meio da Europa, o mercado e da América do Sul, o celeiro da droga. Ao qualquer momento um navio qualquer pode se aliviar da cargas indesejadas se pressentir que irá sofrer uma abordagem policial. Também pode acontecer que se afunde e a carga se espalhe pelas nossas águas. Ou, simplesmente, fazer uma “transferência” numa praia deserta e surpreendido deixar ao Deus dará toda a mercadoria.
O insólito é saber que a nossa ingénua população, em pleno século vinte e um, use a “farinha” para, a mulher, fazer papa e, as crianças, cola para trabalhos manuais. Querida amiga Arlete, não é a primeira vez que isto acontece…
Há dez anos, apareceu a boiar bidões de metanol, combustível inflamável, provavelmente algum contentor, transportado por algum navio, inadvertidamente vou parar ao mar. Sabes o que aconteceu? Os pescadores apanharam os bidões, julgado tratar-se de alguma bebida desconhecida, ingeriram-no e tivemos vários casos de óbitos e de internamento.
Desta vez não aconteceu nada, pois antes de a papa ser ingerida. Alguém, provavelmente algum ex-imigrante reconheceu a qualidade da “farinha” e alertou as cozinheiras…


Um dos pescadores ao saber do que tinha as mãos foi a correr entregar um saco de pacotes ao Policia Nacional. Alguns mais “espertos” resolveram vender o produto achado, ontem foi o dia em que a cocaína, muito provavelmente, foi vendida ao preço mais barato de sempre, cerca de vinte e cinco euros por quilo. Não sei se o GUINESS terá conhecimento e provas para publica-lo nas suas páginas.
Querida amiga Arlete, creio que devia ter começado pelo princípio, que achas? Tudo isto aconteceu na Calheta de São Miguel, mais precisamente na zona de “Ponta Verde” no Domingo passado, dia 03 de Julho de 2011. Soube ontem, a televisão deu a notícia e informou que foram detidos dois indivíduos implicados na venda da droga que apareceu a boiar no mar.
Hoje fui a missa muito cedo, é o sétimo dia do falecimento de um vizinho, a conversa versou mais na droga vagabunda que na vida exemplar que normalmente os defuntos vivem. Ouve até uma senhora que disse:
-Deus deu a sorte a muita gente, que deixou voar!
Não contive, era demais, tomei da palavra e… Tentei convencê-la que a droga é um mal. Não trás nada de bom. Só destrói e só cria desgostos. Usou todos os argumentos possíveis… mostrei exemplos e mais exemplos. Recordei-a do dia importante que hoje é, o dia da Independência de Cabo Verde e que droga só serve para tornar os nossos filhos dependentes. Dependentes da droga, tóxico-dependentes.
Mas… Cansado, eu calei-me por fim, desanimado e sem a certeza de ter conseguido mudar a ideia dela com o meu esforço… O homem é um ser tão egoísta, amiga Arlete, tão egoísta, que sinto pena de mim!




Praia, 05 de Julho de 2011
João Furtado

CABO VERDE - DIA DA INDEPENDENCIA - 05 DE JULHO




C Como me orgulho de ti Cabo Verde
A As ilhas dez em nação transformadas
B Brilhante sol hoje no céu despontando
O O teu mais nobre valor, a dignidade!



V Vejo-te no mundo te impondo
E E do nada que é a tua única
R Riqueza, tua cultura e teu povo
D De esforço e luta no dia-a-dia
E Ergues entre as nações a tua Bandeira!



João Furtado
PRAIA, 05 DE JULHO DE 2011

segunda-feira, 4 de julho de 2011

NUNA NO CARNAVAL 2011

NUNA E NATAL

UMA SEMANA TRISTE



Querida Amiga Arlete

Esta semana não podia começar pior. O domingo ainda iniciava, era quase cinco horas da manha quando recebi a triste e impensável noticia.
Amiga, o telefone tocou e atendi, é normal ser chamado à qualquer hora do dia. Tenho amigos e familiares espalhados pelo mundo. As vezes sinto um friozinho na barriga, tal como senti naquele momento, mas tento pensar sempre que no outro lado da linha está alguém a anunciar que ganhei na lotaria. Que a noticia à receber será a melhor do mundo. Mas não é o que aconteceu. Era a pior noticia que poderia desejar. O meu afilhado Belmiro Batalha Lopes, pai da minha também afilhada, Belangela, falecera naquela noite. No telefone estava a cunhada dele e minha prima Elsa Furtado.
Ouvi e calei-me, fiquei mudo, estático e senti o chão o me faltar por baixo dos pés. A única frase que conseguia repetir no momento era “Belmiro morreu”. Nem chorar consegui. A minha mulher que estava ao meu lado começou a chorar e a gritar. Eu fiquei mudo e com uma enorme vontade de chorar, gritar, e rebelar contra o fatal destino.
Ainda consegui e com muito gosto perguntar:
-Como…Que aconteceu?
Ela falou-se de ataque cardíaco fulminante. Não resistiu e morreu de imediato. Morte súbita. A minha cabeça parecia que ia arrebentar de tanta dor. Não podia conformar-me com tamanha desgraça. Ele era jovem e com a vida pela frente…
Sabes… Amiga Arlete, conheci o Belmiro há 22 anos. Ele namorava uma estagiária no serviço da minha mulher e que muito provavelmente seria minha parente, o nome dela é Angela Furtado. Tu não sabes… Cá nesta terra o ter apelido “Furtado” é pertencer a mesma árvore genealógica, não se pode escapar desta sina. O meu pai sempre afirmava aos quatro ventos “FURTADO é uma única família”. Ficamos amigos tão íntimos que… Surgiu-me uma viagem de trabalho e não queria deixar a minha mulher e os filhos em casa sem um acompanhante é que…Querida Arlete, a minha mulher estava grávida, com quase nove meses, ia ter filho na minha ausência. Pensamos, e, chegamos a conclusão que a Angela Furtado era a pessoa indicada. Ela aceitou e a minha mulher teve a companhia que queria e que desejava. Foi a Angela Furtado que a levou para o hospital e que a deu todo o apoio, que eu ausente, ela precisou ao dar a luz a minha filha mais nova.




Querida Arlete, pediste-me para que eu seja mais sucinto nas minhas longas cartas para ti… Mas como escrever sobre a morte do meu amigo sem lembrar que a nossa amizade foi crescendo sempre e sempre. A Angela Furtado e o Belmiro Batalha Lopes casaram-se poucos dias depois. Mal regressei e ainda a viver a alegria de ter mais uma bela adicionou a ela a alegria da afilhada anunciada. Eu e a minha mulher fomos padrinhos de casamento e, com a vinda da filha nove meses depois, passei com distinção no papel de compadre do casal. Passara a ser o padrinho da Belangela. Os anos passaram e inversamente proporcional a nossa amizade se tornou cada fez mais estreita. Tiveram mais duas filhas e elas também habituaram a me chamarem de padrinho, muito embora terem nascido em Portugal e eu continuar em Cabo Verde.

Sim, amiga Arlete, os meus afilhados foram residir em Portugal, mais precisamente em Lisboa a poucos metros das Portas do Benfica. Mas creio eu que o meu nome, alias padrinho, foi pronunciado com muita frequência, para que as outras duas meninas me tratarem como padrinho e eu tratar as três da mesma maneira… Usei e abusei da hospitalidade deles sempre que me desloquei a Lisboa. Afinal eram meus afilhados…

Em Lisboa tiveram que trabalhar e estudar. E o trabalho para emigrantes não é fácil… Para que estou eu cá a te dizer estas coisas, tu estás em Portugal. Deves saber melhor que eu o que é levantar as quatro horas de madrugada, no inverno frio para ir trabalhar nas “obras” e levar a marmita de comida fria, que nem sempre conseguem aquecer nos poucos minutos destinados para a refeição. Ter que estar durante o dia de pé num trabalho duro e regressar cansado a cair de morto… Tomar um banho a correr e mal comer alguma coisa para sair de novo com único rumo - estudar. Foi esta a vida dos meus afilhados.




Amiga Arlete, não é em vão o meu respeito por eles, mostraram ser pessoas infinitamente responsáveis e correram riscos calculáveis em tudo. Conseguiram transmitir um principio de vida as filhas que, primeiro com espanto e depois com admiração, nunca havia visto antes e penso ter sido casos raros. Eles não podiam pagar nem um infantário, nem uma empregada… Tinham ajuda dos familiares, principalmente da mãe do Belmiro, mais não obstante, ensinaram as duas meninas a cuidarem-se, a mais pequenina ainda não era nascida, vinham da escola, iam a cozinha e aqueciam o que havia para comer… Agradecendo ao Deus pelo pouco ou muito que havia e alimentados, ocupavam o tempo a estudar ou a divertirem vendo a televisão.
Não posso escrever-te, amiga Arlete, esta carta sem te dizer isto. Era uma sexta-feira e estávamos na quaresma. Estava de trânsito por Lisboa e me acomodei mais uma vez na casa dos meus afilhados. Inadvertidamente apanhei um frango assado ao passar perto de uma churrasqueira e levei. Em casa lamentei:
-Esqueci-me que hoje é sexta-feira, vamos ter que guardar o frango para amanha!
Sabes o que a mais nova das filhas dos meus afilhados me disse de imediato?
Não imaginas…
-Não padrinho, vamos comer! O frango é mais barato que o peixe. O objectivo da abstinência é poupar para dar aos menos favorecidos… Comendo frango estamos a fazer precisamente isto.

Ela tinha na altura pouca mais de seis anos.

Amiga Arlete, segunda-feira feira não foi melhor. O meu amigo morreu na Ilha do Maio e foi transportado por barco para a lha de Santiago, onde resido. O corpo dele foi submetido a autópsia e ficou na câmara ardente em Santa Catarina, Assomada. O enterro foi anunciado para terça-feira. Pedi um dia de despensa no trabalho, estou a trabalhar há 26 anos na mesma empresa e era a primeira vez que estava a pedir um dia de despensa e fui negado. Segundo o último regulamento, não me dou muito bem com os regulamentos, só devemos ir aos enterros de familiares do primeiro grau, o melhor amigo, compadre e afilhado não entra neste círculo. Fiquei estupefacto com esta revelação. Me parecia, pelo menos noto uma certa liberdade nos meus colegas, que devíamos ter a liberdade de ser um pouco mais solidário. Resolvi que devia, pela primeira vez, faltar ao trabalho…”Amanha faltarei o trabalho…” Eu estava a pensar, quando o chefe em substituição do meu chefe directo, agastado com a minha incompreensão afirmava:
-Furtado, já não existe despensas, falta e justifica ou tens de pedir um dia de férias, se ainda gozaste apenas uma parcela. Sabes que agora só se pode gozar as férias um três parcelas.
Amiga Arlete, os regulamentos são cegos, surdos e mudos, só que… Na minha terra não são assim tão cegos, surdos e mudos para todos… A mesma flexibilidade que tenho notado a minha volta não é a mesma que notei para comigo…

No fim do dia, já preparado para faltar no dia seguinte, tive a noticia que afinal o enterro seria na quinta-feira. Iam esperar a chegada da Ângela Furtado e das filhas. Elas permaneceram em Lisboa. Na verdade estavam para reuniram na próxima semana, ou seja na primeira de Julho deste ano. A morte não os deixou.

O Belmiro veio e conseguiu ganhar concurso de Procurador da República e colocado na Comarca do Ilha do Maio, onde ficou pouco mais de três meses. Foi cheio de esperanças e voltou como te contei, amiga Arlete, falecido… Como se diz cá na terra, foi porque quis e caminhando com seus próprios pés e regressou carregado.

Por fim na quarta-feira a noite pode ir ver a família e chorar um pouco com eles. Aproveitei uma boleia de um amigo comum, o António Andrade, sabes amiga Arlete, a família do Belmiro reside quase no outro extremo da Ilha. Entretanto só pude ver a mãe dele. A esposa e as três filhas chegariam no mesmo dia, mas as altas horas da noite. O corpo estava em conservação no Hospital Regional do Norte de Santiago, onde não tínhamos acesso.




Tive algo de bom também nesta quarta-feira desta semana de tristeza. Não é que o meu chefe directo, que estava fora em missão de serviço, chega? E autoriza-me a despensa para o funeral? Pelo menos não teria, depois de 26 anos de trabalho, a minha primeira falta injustificada…
Outra boa notícia, quem nem pude me alegrar com ela, é sobre o nosso “OLHARES DE SAUDADE”, a Fátima Bettencourt vai fazer “prefácio” e acha que é um bom livro, pode-se melhorar em alguns aspectos, amiga Arlete, mas está aceitável. Uma critica desta saindo da boca de Fátima Bettencourt deixa qualquer um muito satisfeito. Eu não fugiria a regra se não estivesse numa semana daquelas!

O enterro foi dramático, principalmente porque me encontrei com as minhas afilhadas, a esposa Ângela Furtado Lopes e as três filhas. O Belmiro estava, como sabes amiga Arlete, no caixão, que foi coberto com a Bandeira Nacional e vários ramos e coroas de flor. Ao som da música clássica e um discurso do representante do Ministério da Justiça para os familiares o corpo do meu amigo e afilhado e compadre foi deixado na sua última morada.

Eu, amiga Arlete, sentia dois fios de água a me correr rosto abaixo enquanto contemplava as duas filhas mais velhas desesperadas e sofrerem e a mais nova, coitada, com cerca de cinco anos, a brincar com o primo de quase a mesma idade!


Ontem foi a missa do sétimo dia, a família mais calma, é a lei da vida, caminham para a normalidade. Fomos a missa, eu e a minha mulher. Choramos um pouco e rezamos pela alma do nosso grande amigo, um dos poucos que temos!

Enquanto chorávamos, passava na estrada um cortejo em festa, batuque, gritos de alegria e buzinões, num descapotável, estavam um casal muito jovem, a rapariga vestida de branco e o rapaz de fato. Nós não sabíamos quem eram, mas todos tivemos uns minutos de alegria pela vida que se renovava naquele casamento!


João Furtado

Praia, 03 de Julho de 2011


terça-feira, 28 de junho de 2011

UNESCO MANIFESTO DOIS MIL


Uma iniciativa tão boa
Num esforço sem tréguas
Este de PAZ, não só falar mais alcançar
Sem duvidas que é tão nobre
Como indispensável para este conturbado mundo
Onde houver um homem deve ser proclamada!

Marchemos unidos para a PAZ
Atrevamos pensar como Gandhi
No esforço de uma luta sem armas e sem tréguas
Inda que para tal, a morte inglória alcancemos
Faremos o que certo está, e, o mundo agradecerá
Este nobre gesto à favor da PAZ tão desejada
Sinal este que da UNESCO vem este ano
Tarde, nunca jamais será se abraçados
Os homens todos neste sentido remarem!



gesto à favor da PAZ tão desejada
Sinal este que da UNESCO vem este ano
Tarde, nunca jamais será se abraçados
Os homens todos neste sentido remarem!

Do futuro os nossos filhos e netos
Orgulhosos do passado nos agradecerão
Ilustrando com o nosso exemplo
Sua Historia e seu destino futuro!

Mil razões temos, nós os homens de
Instruirmo-nos na senda da PAZ, para
Liberdade, amor e harmonia alcançarmos!

João Furtado

LANÇAMENTO DO LIVRO A TERRA E A GUERRA PELA PAZ

http://praiafm.sapo.cv/article/28255




02 DE JUNHO DE 2011

PAÇOS DO CONCELHO DA CAMARA MUNICIPAL DA PRAIA






http://praiafm.sapo.cv/article/28255

LANÇAMENTO DO LIVRO "A TERRA E A GUERRA PELA PAZ-VOL II"

http://praiafm.sapo.cv/article/28255


domingo, 26 de junho de 2011

BELMIRO BATALHO





B Belmiro grande amigo
E Esta triste noticia recebida
L Lágrimas nos meus olhos criaram
M Meu grande afilhado e estimado compadre
I Infeliz, eu sinto a dor de saudade infinita
R Recordo-me dos nossos momentos vividos
O O meu pesar e a minha mágoa é enorme!

B Batalhaste toda a vida pela vida e
A A morte veio quando menos esperavas
T Te tomar e contigo ir para a eternidade
A Amigos e família deixaste desamparados
L Lamentando a falta que jamais será colmatada
H Hoje perdemos-te, meu grande amigo
A As tuas filhas de ti recordarão com respeito e admiração!





João Furtado

Praia, 26 de Junho de 2011

domingo, 12 de junho de 2011

NÃO AO TRABALHO INFANTIL

N Neste Domingo de festas Juninas
à A reflexão é, sobretudo este flagelo
O O trabalho infantil... É uma vergonha...

A A data de hoje é de alerta há anos
O O “não ao trabalho infantil” é gritado e o Mundo...

T Ter duzentos milhões fora das escolas
R Recrutas e militares infantis na África ou no Mundo
A Ardinas e agricultores e sapateiros e passadores de drogas
B Barbeiros e vendedores do próprio corpo
A Afastados dos pais ou obrigados pela miséria
L Levantando mãos num gesto habitual de pedinte
H Haja sol, chuva ou vento, sem onde se abrigar
O Os teus filhos, homem, eles são os teus filhos menores…!

I Implacável e cego pensas apenas em ti
N Não vez que amanha será tarde
F Fabricas tristezas e vendes lágrimas
A Ao explorares crianças e aceitares
N No lugar de estarem nas famílias e nas escolas
T Terem como único espaço a rua das amarguras
I Infelizes chorando das saudades dos seus…
L Logicamente, deves ter vergonha de seres homem!


João Furtado

Praia, 12 de Junho de 2011

sexta-feira, 10 de junho de 2011

LUIS VAZ DE CAMÕES

L Lamento, mas não consigo escrever
U Um poema sobre ti, Camões
I Inspiração pura dos deuses das letras
S Soberbo Príncipe dos poetas

V Vou me calar e escutar e talvez
A A arte ler um pouco nos LUSIADAS
Z Zelosamente escrita e cantada por ti!

D Desculpe-me a amiga Arlete Piedade
E Esta missão de um poema fazer para hoje....

C Claro que muitos poemas serão escritos
A Ainda bem que existem muitos e bons poetas
M Minha tristeza é não poder falar e escrever
Õ O poema que mereces, mas não ouso atrever-me
E E passar para papel o que nunca imaginei
S Ser poeta e honrar o maior de todos com meu poema!

João Furtado

VIAGRA NOVA ARMA LETAL

VIAGRA NOVA ARMA LETAL

Ó Pardal meu amigo
Que cara é esta
Depois de tanta ausência
Que atribui a paródia e festa
Coisas que não dão comigo!

Caro e néscio João
Venho da África o norte
E trago triste noticia
Nova arma da lenta morte
É usada e ataca o coração!

Meu Pardal, na guerra
Tudo é permitido
Que no inimigo não se fia
De que armas fazem sentido
Que se desconhece cá na terra?

De Viagra foi dado o nome
E tem efeitos colaterais
Transforma o pénis em morteiros
Tanto dos soldados como dos generais
Pois não há quem não os tome!

O pior é os gritos e lamentos
Que com prazer se confundem
Tal zumbi as mulheres nos desesperos
Não vêm a morte que pedem
E vivem o resto dos dias nos tormentos!

Como és humano e sentimental Pardal
Tão sentidos são teus relatos
Que sinto o sofrimentos dos maridos
Vendo as mulheres sofrerem tamanhos actos
Impotentes rogando pelo Juízo final!


João Furtado

Praia, 10 de Junho de 2011

domingo, 5 de junho de 2011

AMOR A VIDA

A Amar a terra, necessário se torna
M Mesmo porque não existe outro planeta
O Onde a vida nela habita
R Reflitamos e ecologicamente alimentemos!

A A Economia verde se quer e urge implementar!

V Vai ser difícil continuar assim
I Infestando a terra de lixo
D Destruindo o ozono com gazes…
A A nossa morte estamos nós a decretar!

João Furtado

05 de Junho de 2011

PRAIA SEM AGUA

P Perante este cenário que fazer
R Revirar a torneira e nem uma gota
A Assistir a luta por uma pinga no chafariz
I Imaginar a solução transferida para amanha e
A Acordar com o pesadelo da sede natural...

S Sem alternativa alguma viável
E Estou a lavar-me com água de colónia
M Mesmo estando perante recessão económica!

A A dificuldade é o cheiro que me enjoa
G Gripado e sem dinheiro para o remédio
U Únicos tostões vão para a limpeza a seco
A A Praia Capital chama todos para a praia do mar banhar!


João Furtado

Praia, 06 de Junho de 2011

sábado, 4 de junho de 2011

RECICLAGEM AMBIENTAL

R Relembrar nunca é exagero
E E quando a vida está em jogo
C Claro que não se deve cansar
I Imaginar e reciclar pede-se
C Como nunca reduzir os detritos
L Lixos temos nós que sobram e ameaçam
A A Terra e a vida que nela vive
G Gerados são por nós os humanos
E E todos os seres vivos estão sendo cobrados
M Mesmos os mais resistentes como as tartarugas!

A Amanha e ontem e hoje são dias do ambiente
M Meu amigo, ainda somos os únicos conhecidos
B Bilhões de planetas provavelmente existirão
I Infinitamente o universo é enorme
E E impossível de se conhecer totalmente
N Na verdade falta-nos conhecimento
T Talvez no futuro saibamos se lá... Chegarmos
A A certeza pura é que para chegarmos ao conhecimento
L Logicamente temos que salvar este PLANETA VIVO!


João Furtado

Praia, 04 de Junho de 2011

sexta-feira, 3 de junho de 2011

ENTREVISTA A NHU LOBO

Querida Amiga Arlete




No outro dia à teu pedido andei por ai a procura de pessoas importantes para fazer uma entrevista. Sabes, agora sem curso nem experiência, não se consegue uma viva alma que queira perdeu seu precioso tempo conosco... Eu até já estava a desistir e a regressar a casa, minha amiga, quando encontrei num canto, abandonado o Nhu Lobo.
Coitado, ele estava sozinho e triste. No canto jogado, todo rasgado, velho e sujo. Parecia um pedinte... Se não o tivesse conhecido desde criança, nunca imaginaria que era ele.
Sabes... Nhu Lobo deliciava a minha infância e como continuei a viver... Isto é um segredo, amiga, não digas a ninguém... Eu não cresci, os anos passaram por mim, estou com quase 60 anos e continuo com oito. Gosto das mesmas coisas e sinto as mesmas frustrações... Não foi difícil, embora ele estivesse tão diferente, reconhecer o tão conhecido Nhu Lobo, o Ti Lobo...
Aproximei-me muito divagar até junto do desgraçado e com muito respeito o pedi que me abençoasse. Tu não sabes, mas vou dizer-te, a minha Ilha é talvez a única que tem tradições muito rígidas, por exemplo, as de tomar benção aos mais velhos, uma espécie de vaticínio que eu, que continuo no meu mundo dos anos antigos não dispenso... Gosto e os mais velhos ficam felizes, então porque não matar dois coelhos de uma só vez?

O Ti Lobo me cumprimentou, fez como nos tempos antigos, ele não tem cura mesmo, foi no crioulo. A amiga não entenderia, por isso vou traduzir, irá perder uma boa parte da riqueza, mas que posso eu fazer, amiga?

- Que Deus não te falte um pouco de farelo! Que te deixe com a boca cheia, nem que seja de peixe podre. Lembra-te sempre mais vale uma língua totalmente inchada que uma boca vazia!

Não é que me surgiu uma idéia naquele momento? Rapaz e se tu fizeres a entrevista ao Nhu Lobo? Pensei e logo quis por em prática... Em “off”, como agora se usa muito neste mundo de tecnologia, perguntei ao Nhu Lobo se quisesse ser entrevistado. Ele negou, esperneou, mas por fim aceitou. Envio-te para veres se dá para pores no nosso Jornal...

EU – Ti Lobo, o senhor já tem certa idade...

NHU LOBO – Certa idade.... Bem não posso imaginar quantos anos tenho. Ao certo não sei quando. Estou no imaginário do meu Povo, nasci com a imaginação do meu Povo cabo-verdiano e tinha a idéia que eu iria continuar vivo enquanto o meu Povo vivesse.

EU – O Ti Lobo disse “iria continuar vivo enquanto o meu Povo vivesse” o que quer dizer com isto?

NHU LOBO – É que agora não estou certo disto. Gosto do meu farelo, meu peixe podre, restos de comida. Algumas vezes não dispenso um bom ovo da Tia Ganga... Mas o que me alimenta é o imaginário do meu Povo e vejo o meu Povo com cada vez menos tempo para mim... Mas o problema é outro!

EU – O Ti Lobo está muito pessimista...

NHU LOBO – E tenho razões para estar. Veja só... No teu tempo de menino existia algum menino Cabo-verdiano que não me conhecesse?

EU – Sinceramente... Acho que não, não juraria... Mas era quase impossível... O Nhu Lobo a par do Chibinho e a da Tia Ganga eram os nossos heróis!

NHU LOBO – Tu chegas-te ao centro do problema... Agora os heróis são outros...

EU – Quem são eles?

NHU LOBO (Deu uma gargalhada triste) – Não sabes?

Eu sabia, pelo menos imaginei em quem o Nhu Lobo falava, mas não disse. Cabia a ele responder... Não fui pescar para ser pescado!

EU – Ti Lobo, aqui que faz as perguntas sou eu e quem as responde é o Ti Lobo, estamos entendido? Que são os novos heróis?

NHU LOBO – São muitos, desde Tio Patinhas até o Capitão America. Sabes... Nós somos um povo que gosta de estrangeiros, eles chegaram e estão a tomar o nosso lugar!

EU – Ti Lobo o problema não seria outro? No meu tempo já existia o Aladino, o João do Feijão e o Gigante, mas o Ti Lobo continuava vivo, alegre e sempre a ser ultrapassado pela sabedoria do Chibinho e força feminina da Tia Ganga. E os três até menosprezavam os “estrangeiros”. Eles eram sérios e os meninos queriam rir... Não seria porque Ti Lobo tornou-se sério de mais...

NHU LOBO – Achas divertido o “SANKUKU” e outros SAMURAIS, sempre belicosos e em permanente guerrilhas na terra e arredores... Achas divertidas as guerras?

EU – Bom... Bom... Ti Lobo, eu pergunto e...

NHU LOBO - ... Eu respondo... ah ah ah ah ah , está bem, mas responde apenas esta, achas divertido?

EU – Não acho... pronto... Tem razão. Até porque naquele tempo achávamos que devíamos seguir sempre o Chibinho e que se fossemos como o Ti Lobo... Procurando vida fácil, iríamos perder no fim...

NHU LOBO – Também é verdade que tens razão... Ainda ontem, eu, a Tia Ganga, coitada é a mais velha, embora tivesse sempre um corpinho que sempre... Bem me faz esquecer a fome pela comida. E o Chibinho. Nós os três falávamos sobre a nossa mais que provável morte.
Sabes em que conclusão nós chegamos?
Que o nosso maior inimigo foi a energia eléctrica chegar até nós antes de estarmos preparados para entramos neste mundo. Olha o Aladino. Ele é, talvez, da nossa idade ou muito mais velho que nós. Com uma ajuda dos Americanos ele entrou na modernidade e vive na paz e sem sobressaltos. É certo que o Génio das Lâmpadas nem sempre o dá grandes ajudas, mas vão vivendo na medida do possível. Até a Raposa Portuguesa, creio eu, está nas modernices e lá vai vivendo, se não fosse o “GAME BOY” até podiam estar mais vitalizados…

EU – E, então… tem alguma ideia que possa fazer-vos, digamos, ressuscitar?

NHU LOBO – Ideia, ideia tenho… o problema é por em prática. Sabe nós estamos atrasados e não vemos quem de direito fazer nada…
EU – O Ti Lobo está um pouco político, o político é que está sempre a falar “quem de direito”, não acha?


NHU LOBO – Eu acho que não tenho como entrar no mundo moderno se Cabo Verde não apostar mais na minha vida nas escolas. Se eu continuar apenas na primaria… Quando aparecerão desenhadores para me desenhar em quadradinhos e proliferar as livrarias? Se não existir concurso de contos infantis tradicionais, como terei nova vida? Olha eu ainda não comprei um televisão e nem tenho um computador… O Mundo avança e eu vejo o burro do Chibinho passar…

EU – Esta a chamar Chibinho de burro?

NHU LOBO – Não, estou apenas a dizer a verdade, olha…


EU – Ti Lobo, desculpa cortar-te… mas estou a ver que tem muito para dizer e já estou cansado. Sai para fazer uma das modernices da velhice, caminhar contra Colesterol. Teremos oportunidade para nos falarmos mais sobre este e muitos outros assuntos. Ainda falaremos do tua vida passada, já que o presente teu, me parece moribunda e o futuro incerto…

NHU LOBO – Estarei cá sempre, podes vir quando quiseres, mas te digo que só sobreviverei sem entrar na televisão e na escola…

EU – Está bem, está bem. Na verdade me pareces um bom político… ah ah ah ah, voltarei. Os meus agradecimentos pela entrevista, em meu nome pessoal e em nome do Jornal ou jornais (estás a ver? Estou como tu, muito presunçoso) que irão publicarem a nossa entrevista. Até a próxima, muito obrigado, mais uma vez, Ti Lobo!

NHU LOBO – Que tal me agradeceres com UM DEZ?

EU – Ti Lobo, tu não mudas mesmo, és sempre assim, um incorrigível. Por estas e outras é que voltarei.

Amiga Arlete, foi assim que terminei a minha entrevista ao NHU LOBO. Com a promessa que voltarei. Não sei se um dia voltarei ou não… Talvez algum jornalista de verdade peque na deixa e faça uma verdadeira entrevista aos responsáveis sobre as nossas míticas figuras… temos mais, o Chibinho, a Tia Ganga, o Bulimundo, o Corvo e muitos outros… talvez eu faça mais uma ou outra entrevista de brincadeira como esta… Talvez, quem sabe o futuro?

Continuei a minha caminhada despreocupado. Afinal quem já viveu quinhentos anos ou quase pode passar a vida vegetativa, mas reanimara de certeza um dia, a morte propriamente dita o Lobo jamais terá. Espero que o Povo Cabo-verdiano nunca permita que tal aconteça.

Não sabes, mas te digo. UM DEZ é um cálice de grogue de pior qualidade. Se quiseres provar UM DEZ tens que pagar dez escudos Cabo-verdeano. Entretanto eu te aconselho um ponche, afinal é mais feminino e menos prejudicial para a saúde!

João Furtado
Praia, 18 de Setembro de 2010

O DIA DOS ENTERROS

Recebi com consternação a notícia. Convivemos com a morte desde que nascemos, mais jamais nos habituamos com ela. Principalmente se conhecemos a pessoa que morreu, como era o caso. A Didinha era minha amiga e prima afastada da minha mulher. Mas era prima e graças a Deus somos um povo muito ligados por laços parentescos. Não creio que exista outro povo que tenha uma família tão grande como a nossa.
A Didinha era minha prima, casei com prima dela.
Iria para sua última morada as quinze horas. Era esta a informação que chegara até mim. Não podia faltar a cerimónia. Teria que a acompanhar. Ela jamais me perdoaria.
A Didinha morava na Achada Trás e eu em Lém Ferreira. O Enterro teria que forçosamente passar por Lém Ferreira. Iria esperar na estrada, pelo cortejo. Por enquanto temos apenas um Cemitério na Cidade da Praia. Está constantemente a romper pelas costuras. Já foi várias vezes estendido. Os serviços camarários sabem que a Cidade esta a pedir outro Cemitério, mas ninguém tem coragem de mandar construir outro. Todos têm a certeza inabalável que seriam o primeiro cliente da nova casa. Se é verdade que a morte é certa, também é verdade que ninguém a deseja por esposa.
A Didinha era negra e bela. Somos um povo mestiço. A nossa cor adivinha sempre uma mistura. Mesmo nos mais negros adivinham-se sempre uma certa mestiçagem. Mas na Didinha era difícil ver nela mais que a beleza da pura raça negra, nem precisava pintar os lábios, pareciam pintados de verniz preto, de tão negro que era.
Nenhum olhar masculino era inocente quando o alvo era a Didinha. Ninguém resistia aquela beleza selvagem. E vê-la andar… Era dengosa e a sua curva saliente, formada por contraste de seu volumoso e arredondada coxa e fina cintura, cadenciava no movimento rítmico do esquerda, direita ao som do batuque inexistente… Não deixava nenhum ser humano de sexo masculino indiferente.
Não vou falar do rosto angelical dela. Se anjo negro existisse, os escultores inspirariam na Didinha para as esculturas, mas não existiram, hoje ela vai ser enterrada e muito provavelmente toda a beleza dela irá terminar debaixo de um palmo e meio de terra.

Ela tinha uma saúde de ferro. Era peixeira. Passava a vida a vender peixe. Ela vendia o peixe por quase todas as portas de Lêm Ferreira. A Didinha tomava o autocarro a porta da casa ia até ao cais, comprava peixe. Fazia resto de viagem a pé levando na cabeça um grande alguidar com água e peixe, no total o alguidar teria no mínimo 30 quilos ou mais. A água serve para que o peixe apresente sempre fresco aos olhos do comprador.
A Didinha vendia peixe e só regressava a casa a noite. Nunca almoçava. Embora tivesse oito filhos, ninguém a dava mais de 25 anos. A morte não só apanhou a Didinha desprevenida como nos apanhou a todos seus amigos, familiares e compradores do seu peixe. Ninguém esperava que ela morresse. A lamentação era geral.
Preparei-me para ir ao enterro. Procurei a roupa com cuidado, alias, a minha mulher teve o cuidado de me supervisionar. Não podia levar nada que tivesse um pingo de vermelho ou cores similares. Quis levar comigo um livro, para ler enquanto esperava pelo cortejo. A minha mulher achou que eu não devia levar. Não seria de praxe. Sem ela, a minha mulher, ver apanhei um livrinho de bolso e levei escondido.
Fui esperar na rotunda de Lém Ferreira. A minha mulher não foi, não se sentia bem. Ela estava exausta, ela tinha passado a noite acordada no nojo enquanto eu dormia. Cumprimentei algumas mulheres que encontrei lá. Provavelmente ia ao mesmo enterro e estavam também a espera do cortejo. Sentei sobre uma pedra e comecei a ler, enquanto esperava. As mulheres falavam entre si. Era normal.
Não sei quanto tempo esperei. Veio o cortejo ao passo do caracol. Entrei nele e fomos rumo ao Cemitério da Varzea. Ia acompanhar a bela e querida Didinha para sua última morada.
Entrei num grupo de religiosos. Estavam a rezar o terço a Virgem Mãe, a Didinha foi mãe, também foi pai, mas isto é outra história. A Didinha merecia ser comparada com a Virgem Mãe.
Íamos a pé, quase sempre vou a pé para os enterros. Uma das causas é porque não tenho nem carta de condução, nem carro. Outra razão é porque sempre vão muitas pessoas a pé, porque iria eu de carro? Continuamos a rezar as Ave-Marias, as Santa-Marias e os Pai-Nossos. Terminamos com uma longa Ladainha própria para cerimónias destas. Por fim o improvisado chefe da cerimónia pediu para a defunta…
-Rezemos uma Ave-Maria e Um Pai-Nosso para a alma do José, mais conhecido por Don, que Deus tenha piedade da sua alma.

Eu estava no enterro errado. Não era o enterro da Didinha, não rezei pela alma da Didinha, mas pela do Don.
Veio a minha memória um poema que fiz a anos sobre dois irmãos que o destino fez deles pequenos delinquentes. Será que era um deles que morreu? Pergunto ao vizinho de lado. Nestas coisas nada melhor que perguntar o vizinho de lado.
- O que é feito do irmão?
- Está na cadeia, – respondeu-me o vizinho da circunstância – nem o dispensaram para o enterro. Esta gente não tem coração.
Senti o meu corpo a estremecer desde a unha dos pés até os fios de cabelo. Fui um profeta. Previ a vida dos dois irmãos gémeos. Estou no enterro de um, por engano, enquanto o outro está na cadeia. Bem feito, que me mandou escrever isto? Era a vida privada deles:

Outra Metamorfose Comum e Rara
Duas crianças, dois inocentes
Gémeos e irmãos
Pequenos e insignificantes
Don e Don-Don
Duas crianças, dois inocentes
Gémeos e irmãos, duas crianças
Sem conduta a conduta
de Don e Don-Don
Pequenos e inocentes
E tal como todas crianças
A mãe os defendeu enquanto pode
E como mãe que era
Tudo que ganhavam
A mãe levavam
Don e Don-Don
Duas crianças, dois inocentes
Gémeos e irmãos, duas crianças!

Dois adolescentes, dois inocentes
Gémeos e irmãos
Pequenos e não tão inocentes
Não tão Don e Don-Don
Novo nome foram baptizados
Pimenta e Malagueta, terror da Praia e arredores
Dois adolescentes, dois inocentes
Gémeos e irmãos
Pequenos e não tão inocentes
Esfarrapados e espancados
Fruto da sociedade que foi cega
Fruto da sociedade que é juíza
Dois adolescentes, dois inocentes
Gémeos e irmãos
Pequenos e não tão inocentes
Detidos e soltos, soltos e detidos
Menores e sem tratado
Menores e sem trabalho
Menores e sem família
O pai na cadeia civil
E a mãe no tribunal
Dois adolescentes, dois inocentes
Gémeos e irmãos
Pequenos e não tão inocentes

Dois Adultos, dois culpados serão
Pimenta e Malagueta
Gémeos e irmãos
Juntos ou separados
Na campa ou na cadeia
No hospital ou no hospício
Dois Adultos, dois culpados serão
Pimenta e Malagueta
Gémeos e irmãos
Filhos da sociedade cega e imoral
Filhos da sociedade juíza e carrasca
Dois Adultos, dois culpados serão
Pimenta e Malagueta

Mas, agora revejo tudo, no poema tinha posto todos os cenários. Não fui profeta nenhum.
Segui até cemitério. Senti-me no dever moral de acompanhar o Don a sua última morada. Graça a Deus os enterros são todos iguais. No cemitério e na dor não existem diferenças. Os próximos choram e pedem para serem enterrados em solidariedade ao defunto. Os não tão próximos, choravam pelos seus mais próximos falecidos mais ou menos recentes.
Resolvi esperar no cemitério o cortejo da Didinha. Fui sentar e esperar. Veio uma senhora. Sentou ao meu lado. Ficamos sentados e calados por algum tempo. Ela não resistiu e disse:
-Coitado do Don, morreu na flor da idade.
-Sim, o irmão gémeo teve melhor sorte – respondi enquanto imaginava a morte do Don - está preso!
Na minha imaginação o Don havia sido morto. Ninguém me disse, mas isto era coisa da Polícia. Estavam fartos de o prender. Levavam ao Tribunal e saia livre. Não fora preso dentro da Lei. Tinha a história do flagrante delito. A historia do prazo de apresentação. Os detalhes da legalidade que eram sempre esquecidos pela Policia. Principalmente quando se tratava de pequenos larápios. É irritante ver esta gente a roubar ninharias diariamente. Apenas para suprir o dia a dia. Porque não fazem grandes roubos? Podiam reduzir a quantidade pela qualidade.
Tornava a fazer das suas. Ia ao tribunal e era preso, na cadeia sentia-se melhor que na rua. Tinha tudo que não tinha na rua, por exemplo a televisão. Saia e tornava a fazer as mesmas coisas. Sofria a mesma pena. Não havia dúvidas. Foi um polícia que o baleou…

A mulher suspendeu a minha imaginação:

- O Don não tem irmão gémeo nenhum. – Disse-me ela – o irmão que está preso é mais velho mais de dez anos. Este sim, o António é que devia morrer. Aldrabão. Ladrão. E brigão. Não há quem no bairro que não tem uma queixa dele. Muito diferente do José, o Don, bom rapaz. Pescador exemplar e bom pai de família. Morreu de paludismo.
A Natureza tem sua incompreensão. Porque iria morrer um coitado de paludismo numa terra que não chove. Que…
Ela não deixou-me continuar o meu raciocino:
-Perdeu no bote quando foi pescar, foi encontrado por um navio Grego e deixado em Dakar. Veio de Avião. Dias depois sentiu febre e tremura. Pensou que eram passageiras e não eram. Quando foi ao hospital já era tarde!

Não imaginei mais nada. Puxei do meu livro e comecei a ler, a espera da Didinha, ia me despedir dela para sempre…

Fim

João Furtado

Praia, 08 de Março de 2009

quarta-feira, 1 de junho de 2011

O DIA INTERNACIONAL DA CRIANÇA

Despercebido hoje não é decerto
Internacionalmente foi dedicado o dia
Ainda que sem se perceber os direitos atropelados!

Infelizmente não consigo escrever
Nada sai da cabeça para o computador
Tantas são as coisas para dizer
E eu não consigo, não sei nem como começar
Reclamam de Líbia e da Síria a minha atenção
Na África e no Oriente continuam a trocar
A escola para o trabalho duro e penoso
Claro que da rua ainda fazem o lar
Inocentes muitos fingem que são adultos
Ou fumam o cigarro ou bêbados ou drogados
Nos bandos ou isolados violentam ou são violentados...
As palavras me faltam e bloqueado
Luto por escrever e não consigo!

De que sociedade espera o futuro enquanto
As crianças continuam a serem assim formadas?

Como dizer... Não sei como falar de criança
Resta pouca esperança quando diariamente
Insistentemente são noticiadas violências
Acometidas por crianças nas escolas
Não sei onde está a culpa, mas urge mudar
Caminhar pela brincadeira e pela paz...
As cantigas da roda e contos antigos devem ressuscitar-se!


João Furtado

01 de Junho de 2011

segunda-feira, 30 de maio de 2011

NÃO FUME O PRÓXIMO

Um dia sem tabaco
Eu e tu e ele merecemos
Hoje é este dia
E tu fumador não me dás...
Respeito a tua vontade
Queres respeitar a minha?

Se tu fumas, fumo eu e inala ele
Pois que no ar mandas o veneno
E os que te rodeiam são obrigados
Podes me dar um dia apenas
Apenas hoje de Puro ar?

Não sabes
Mas o tabaco mata
Teu prazer é muito caro
Meu caro amigo
É fácil deixar de fumar
Já fui fumador
E comecei deixando
Precisamente de fumar
Um único e próximo cigarro
Não fume o próximo
É apenas menos um cigarro!

João Furtado

Praia, 30 de Maio de 2011

quarta-feira, 25 de maio de 2011

AFRICA MINHA

AFRICA MINHA

A As palavras, tão pródigas todos os dias
F Faltam-me para falar de África
R Rica e exótica e luxuriante aqui
I Infelizmente desértica e pobre ali
C Como podes estar sempre em guerra, quando
A A Paz é e deve ser sempre o teu destino?

M Minas em teu solo foram semeadas e no
I Inferno, o paraíso que eras foi transformado
N Na ânsia de riqueza fácil teus filhos se esgrimem
H Há anos que esperas ser apenas pão e mel e música
A Ainda és uma esfomeada e triste e pedinte!




João Furtado

Lisboa, 25 de Maio de 2011

segunda-feira, 16 de maio de 2011

O POEMA DO DIA DA FAMILIA

O POEMA DO DIA DA FAMÍLIA

Decerto que é mais um acróstico
Imaginei-o como todos os outros que faço
As primeiras letras das primeiras palavras formam a frase!

Isto é simples de entender quando se trata tudo em família
Nada melhor que irmos até cozinha e observarmos
Toda a labuta da nossa mãe, mulher, filha, irmã,
Embora ainda poucos se aventuram, o pai ou o filho
Retalho a retalho de pequenos alimentos juntos
Na refeição perfeita do dia se transforma…
Agora falando mais a sério de coisa mais séria do mundo
Como não falar de S. Paulo e da educação hoje?
Imaginar uma família sem recordar que
O respeito mútuo é a alavanca única
Na boa educação e perfeito exemplo
Alguns pequenos gestos são de extrema importância
Livrar que a pressa faça-nos desrespeitar o próximo…

Devolver o que não é nosso por inteiro
E trabalhar honestamente para se sustentar!

Falar de verdade com a verdade pura
Amar o amor e a Paz sempre e sempre
Mesmo que para isto tenhamos que perder vantagens…
Imitar os pais, gostam os filhos, assim é e será
Levem vossos filhos a conhecerem a lei
Impedirão longas e futuras visitas, as cadeias…
Ainda tenho tempo de dar os parabéns as famílias do mundo?



João Furtado



Praia, 15 de Maio de 2011

segunda-feira, 2 de maio de 2011

PARABENS POPAS

GEREMIAS FURTADO

G Grande filho meu querido Popas
E Estou feliz hoje por ti homem
R Rapidamente te transformaste
E Eu nem dei por anos a passar
M Minutos e horas e dias e anos
I Isto tudo somada dão 21 anos certinhos hoje
A Agora só falta que sejam encontradas 21 velas
S Sabes… têm que ser do teu tamanho, é difícil!

F Falar de ti é falar dum voluntarioso
U Um menino que sempre quis ser independente
R Raramente diz para onde vai, nem quando volta
T Também é falar de um rapaz que quer ser do bem
A Alguns… Talvez muitos erros fizeste e fazes, és humano
D Decerto todos nós os cometemos e muitos
O O Virtuoso é saber rectifica-los e evitar a repetição!


João Furtado

Praia, 02 de Maio de 2011

quinta-feira, 28 de abril de 2011

STOP VIOLÊNCIA, PÁRA!

STOP VIOLENCIA, RA!

Só resta chorar, gritar e bradar
Tantas notícias sobre violências
Onde iremos enfim parar?
Porque matarmos uns aos outros?

Vim para fazer um poema belo
Imaginei escrever sobre hoje
O dia mundial da dança
Lindas palavras escolhi eu
E já estava a colocar uma a uma
No papel e dar forma de acróstico
Como sou ingénuo…
Infeliz notícia mais uma vez noticiada
A briga de grupos mata uma criança…

Pequeno, bebé, dois anos apenas
A criança dormia em casa e da janela
Relâmpago e trovão e a morte
A dança hoje é tenebrosa para a família!

João Furtado

Praia, 28 de Abril de 2011

sábado, 23 de abril de 2011

PLANETA TERRA

http://www.poetasdelmundo.com/verInfo_africa.asp?ID=4541

PLANETA TERRA

Parem a mortifica e infantil guerra
Libertem a energia positiva
Ao excedente devem aprender a
Não desperdiçar de maneira alguma
E a Economia Verde deve ser rapidamente
Tomada em conta para o bem comum
A Terra precisa ser salva!

Teremos no futuro cada vez menos meios
E cada vez mais bocas para sustentar…
Recordemos também que a Terra está poluída
Reactores atómicos e desertos se expandem
As discórdias, riquezas consomem e dores espalham!

João Furtado

Praia, 23 de Abril de 2011


http://www.poetasdelmundo.com/verInfo_africa.asp?ID=4541

sexta-feira, 22 de abril de 2011

O DIA DA TERRA

O DIA DA TERRA

Dedica-se hoje a nossa amada TERRA
Imensamente pequeno Planeta no grande Universo
Agora com mais de sete bilhões de humanos.

Dia da Terra devia ser de festa e alegria
Afinal é mais um dia de preocupações apenas!

Temos um Mundo de catástrofes ambientais
E de guerras e desrespeitos inúteis
Raramente escolhemos uma ECONOMIA VERDE…
Recorremos, cegamente, muitas vezes
Ao errado caminho do imediato em vez do sustentável…!

João Furtado

Praia, 21 de Abril de 2011

quinta-feira, 21 de abril de 2011

FELIZ PASCOA

F Foi por nos que Ele morreu
E E foi há dois mil anos e é
L Lembrado como se foi ontem
I Intensamente viveu os trinta anos
Z Zelando sempre pela Verdade Universal…

P Para nos mostrar a mesma Verdade
A A mentira foi mostrada como a culpa
S Sem escrúpulos indicaram-Lhe a Cruz
C Com espinhas fizeram-Lhe a Coroa
O O Ceptro Real..., foram a dor e o sofrimento
A A morte..., ofereceram-No por nossa culpa!

João Furtado

Praia, 21 de Abril de 2011

quinta-feira, 14 de abril de 2011

PASCOA

PASCOA

PAZ interior para todos e muito
AMOR pelos seres vivos
São meus desejos
Carinho e atenção precisa-se
O mundo está sem Paz
Amor procura-se e apenas ódio existe, infelizmente!

João Furtado

Praia, 14 de Abril de 2011

sexta-feira, 8 de abril de 2011

LINHA DA FRENTE

De Pardal na linha da frente
Entre recuo e avanço
Sem grande espaço
Nesta guerra diferente!

Não sei se Kadafi ganha
Ou se a Vitoria é do rebelde
Vejo que é mais uma maldade
Que vai deixar marca tamanha!

Nunca houve numa guerra
Tão nítida linha da frente
Dum lado rebelde carente
Do outro, mercenária fera!

Do céu ajuda dos aliados
Hora chega para espantar
Hora trás fogo amigo a matar
Quase sempre os deuses são chamados!

E tu para que escrevo João
Mesquinhamente ficas de férias
E vives as tristezas e alegrias
Do marasmo do pobre coração!

E eu tenho que me desdobrar
Entre esta guerra absurda
E gritar para a humanidade surda...
Vejam também o que esta a sobrar!

João Furtado
http://www.poetasdelmundo.com/verInfo_africa.asp?ID=4541
http://joaopcfurtado.blogspot.com/
Praia, 08 de Abril de 2011

LUTA CONTRA CANCER

http://www.poetasdelmundo.com/verInfo_africa.asp?ID=4541
http://joaopcfurtado.blogspot.com/

DIA MUNDIAL DE COMBATE AO CANCER
De ti recordo minha amiga Bela de Marise
Infelizmente partiste e vives na recordação
Ainda ontem vi a campa onde descansas...

Muito lutaste para viver e foste vencida
Um tumor te levou mas no meu pensamento
Não sairás jamais querida amiga
Digo-me amiga eras tão boa...uma Santa
Isabel, minha mulher, esta a melhorar
Acreditei em ti, quando sofrias, recordas?
Linda e sorrindo disseste, “ela vai ficar boa...”

Doente e com o mesmo problema e no mesmo lugar
Ela estava longe e em tratamento e eu te via sofrer, Bela!

Com sorte e muita ajuda dos médicos
O meu amor está fora do perigo
Mais continua a lutar contra o Câncer
Bem... Hoje neste dia quero recordar
As muitas gentes que sofrem de esta doença
Tenha coragem que tu Bela tiveste
E que lutem para sobreviverem o dia a dia!

A ti, amiga resta-me rezar para a tua alma
Ou... Pedir-te que intercedas por nós... És Santa certamente!

Claro que vou dar um beijo a Isabel
A coragem por ti e por ela demonstrada
Nunca poderia imaginar existir tão perto de mim
Contas quantas vezes me animaste
E era eu que devia te animar e...
Rio de lágrimas eu escondia envergonhado?


João Furtado
http://www.poetasdelmundo.com/verInfo_africa.asp?ID=4541
http://joaopcfurtado.blogspot.com/
Praia, 08 de Abril de 2011

quinta-feira, 7 de abril de 2011

RIO DE JANEIRO

http://www.poetasdelmundo.com/verInfo_africa.asp?ID=4541
http://joaopcfurtado.blogspot.com/


Recuso-me a acreditar em ti jornalista
Imaginar um jovem com duas pistolas e
Os bolsos cheios de balas numa escola...

Dizes e apresentas provas... Mortos e feridos
E por fim um suicídio e muita dor e lágrimas, enfim...

Jornalista, não seria ficção artística do cinema
A confundir com a nua e crua realidade...
Numa escola, dizes de deficientes físicos
E afirmas que ele também foi aluno
Isto é mesmo de loucos... É para acreditar?
Rio de Janeiro em sangue... E dor e raiva...
O nosso planeta só pode estar doente!

João Furtado
http://www.poetasdelmundo.com/verInfo_africa.asp?ID=4541
http://joaopcfurtado.blogspot.com/
Praia, 07 de Abril de 2011

quarta-feira, 6 de abril de 2011

SEMANA MUNDIAL DA ALERGIA

SEMANA MUNDIAL DA ALERGIA

Somos todos alérgicos a alguma coisa
Eu cá sou alérgico as guerras
Matam em nome de uma verdade
A verdade que para mim
Não existe e nunca existirá
A guerra é em sim um mal crónico!


Mesmo quando se fala Paz
Uma certeza certa eu tenho
Não justifica o custo da guerra
Destruir e matar tudo
Imaginar mulher e crianças exiladas
A fome e a doença e a mutilação
Lamento, mais sou alérgico a Guerra...!



Diariamente hoje o noticiário tem prato forte
A Guerra… E todo o resto é secundário…



A semana é de alergias mundialmente
Lido eu com as minhas muitas alergias
E nenhuma tem cura farmacêutica
Refiro-me da fome e da seca…
Grandes cheias e Tsunamis e maremotos
Inundações e crimes e violações a Natureza
As alergias minhas incuráveis!


Praia, 06 de Abril de 2011



João Furtado

terça-feira, 5 de abril de 2011

STOP REACTOR ATÓMICO

Stop Reactor Atómico

Só um pedido
Talvez um desejo
Ou apenas um alerta
Precisamos parar... STOP!

Repara homem, é simples
E não precisa-se pensar muito
Acontece no Japão
Com tristeza e pesar afirmo
Também pode acontecer aqui
Ou ali bem perto
Reator atómico é um perigo…

Atirar lixo radioactivo ao mar
Tenho receio, pode ser pior...
Ó meu Deus, onde irá esta civilização?
Mundo continuará vivo para a outra?
Imagino... penso... e tenho duvidas
Com estar andar, seremos os últimos
O Planeta Azul, se assim continuar, terá certamente o FIM !

João Furtado
http://joaopcfurtado.blogspot.com/
http://www.poetasdelmundo.com/verInfo_africa.asp?ID=4541

Praia, 05 de Abril de 2011

quinta-feira, 31 de março de 2011

MARGARIDA MINHA IRMA

MARGARIDA MINHA IRMÃ

Margarida porque partiste e me deixaste
Assim tão só, minha irmã mais velha
Recordo a nossa infância e tu Mana
Grande e querida amiga Guida
Andavas sempre a fazer-te de minha mãe
Resolveste agora me deixar
Infeliz e triste e sem mais uma referência
Dentro de mim está este enorme vazio
Atormentando o meu eu de incertezas Irmã!

Meu rosto se banha de lagrimas
Irmã especial de enorme coração
Não lembras o nosso ultimo encontro?
Há quase dois anos, o nosso pai havia partido
Agora, hoje és tu, longe estás e eu cá choro!

Irmã, não sei se rezo por ti ou se te peço
Reza por mim, lá do alto, onde hoje resides
Minha Anja, que neste mundo sempre
Ajudaste com quase nada a todos que de ti aproximou!

João Furtado
Praia, 30 de Março de 2011

domingo, 27 de março de 2011

HOJE 27 DE MARÇO É DIA DAS MULHERES DE CABO VERDE

O DIA DAS CABO-VERDIANAS


O Buquê de flores para todas vós...


Dentro coloco todo o meu respeito
Imaginações não faltam para poemas fazer
A beleza e melodia das Musas nossas são tamanhas!


Decerto que todos os dias deviam ser vossas
Ainda que seja porque merecem, mulheres
Sempre foram e serão sempre... A Mãe de todos nós!


Claro que são as flores lindas, nossas meninas
A alegria deste povo separado pelo mar
Bonitas e amadas filhas da terra,
O nosso orgulho e a nossa razão!
-
Venho vos dar parabéns mulheres
E dizer um muito obrigado a todas
Rabidantes ou funcionarias ou lavadeiras
Domesticas ou políticas ou simplesmente mulheres
Instruídas, doutoras ou enfim humildes femininas
As mulheres das nossas dez Ilhas merecem ser heroínas
Neste dia quero gritar para todas e dizer aos homens
Amor e respeito e carinho e Paz de Espírito
São os nobres sentimentos para quem tanto amor nos dá!


João Furtado

Praia, 27 de Março de 2011

sábado, 26 de março de 2011

O ABALO NO JAPAO

Continuamos a sentir o abalo no Japão
E a ameaça se torna atômica
Com o fumo preto no ar
Até a água pode matar
E decerto não era única
A opção energética para a nação!

O mal pode se tornar mundial
Que ninguém consegue limitar
O espaço a radiação em fuga
Que liberto se torna inimiga
E inúmero ser pode matar
Tanto animal como vegetal!

No dia internacional da água potável
E ter a notícia do impedimento
De a água beber para a criança
Leva-nos a ter pouca esperança
E com grande e triste lamento
Rezar para não piorar o lamentável!



João Furtado

Praia, 23 de Março de 2011

quarta-feira, 23 de março de 2011

ARTUR AGOSTINHO

Ator Artur Agostinho do teatro e cinema
Repórter desportivo e simpático Sportinguista
Tu que sempre soubeste estar bem no mundo
Um Pai Nosso para tua Alma muito nobre
Rezo eu humilde Benfiquista cá da Praia!

Artur Agostinho, deixas um vazio na cultura
Grande escritor, enorme jornalista
Os meus sentimentos... E eu não te conheço...
São de perda de um enorme Homem
Tua maneira de noticiar e informar
Isenta e impar é uma lição para o jornalismo
Neste momento do Adeus
Homem! ... Podes crer serás lembrado
O teu amor pela verdade não morre contigo!

João Furtado

Praia, 23 de Março de 2011

segunda-feira, 21 de março de 2011

O DIA DA BELMA E MUNDIAL DA POESIA

O O teu aniversário filha é hoje, parabéns!

D Devo te dizer que este poema
I Inspirado no amor que por ti tenho
A Andei a pensar nele desde semana passada!

M Minha filha Belma és o meu presente
U Um muito obrigado pelas alegrias…
N Não são poucas, minha adorada filha
D Durante estes 21 anos que fazes
I Invariavelmente nesta data especial
A Aumentando assim a minha alegria,
L Linda menina, mil flores eu te envio!

D Devo te dizer mais uma coisa
A A Nuna é a melhor flor do mundo!

P Perdão se repito mais uma vez
O O mesmo conselho que sempre te dei,
E Ele é a única herança que te vou um dia deixar,
S Sejas sempre a mesma, que sempre foste
I Insista na verdade e negue sempre a mentira
A Assim terás sempre felicidade e paz e amor!

João Furtado

Praia, 21 de Março de 2011

O DIA DA BELMA E MUNDIAL DA POESIA

O O teu aniversário filha é hoje, parabéns!

D Devo te dizer que este poema
I Inspirado no amor que por ti tenho
A Andei a pensar nele desde semana passada!

M Minha filha Belma és o meu presente
U Um muito obrigado pelas alegrias…
N Não são poucas, minha adorada filha
D Durante estes 21 anos que fazes
I Invariavelmente nesta data especial
A Aumentando assim a minha alegria,
L Linda menina, mil flores eu te envio!

D Devo te dizer mais uma coisa
A A Nuna é a melhor flor do mundo!

P Perdão se repito mais uma vez
O O mesmo conselho que sempre te dei,
E Ele é a única herança que te vou um dia deixar,
S Sejas sempre a mesma, que sempre foste
I Insista na verdade e negue sempre a mentira
A Assim terás sempre felicidade e paz e amor!

João Furtado

Praia, 21 de Março de 2011

ARVORE E POEMA

A Ainda era criança e hoje vos conto
R Recordo com saudades, o simples acto
V Vi uma pequena semente e semeei-a
O Os meus cuidados foram enormes
R Reguei-a, limpei-a e vi-a crescer e em árvore se tornar
E E hoje que é da poesia lembrei-me e escrevi este poema…

E E não é que também é da árvore?

P Porque não plantar hoje, meu Deus
O O Amor no coração dos homens
E Em forma de poesia bela da criação
M Manifesto único da tua obra e terminar com o ódio
A Assim transformar a terra num grande jardim!



João Furtado

21 de Março de 2011

domingo, 20 de março de 2011

O TERROR DO DIA

O Norte de África perdeu o norte
Tamanha é a infeliz e pobre sorte
Que do ar não para de vir a morte!

Na ânsia de liberdade alcançar
Se revolta o povo e é preciso acabar
Pensa o Tirano que manda matar!

E já quando pouco ou nada resta
As Nações mandam parar a festa
E não ouvidas... Resolvem tirar a besta!

A bomba unida e mortífera que do ar chega
Mata o inimigo que claramente enxerga
Evita teleguiadamente o inocente à sua carga?

Ou indiscriminadamente o escudo humano matará
Numa mais que evitável e desnecessária guerra
Para troca do Tirano na nossa sofrida Terra?

Mas para a Líbia se tornar democrática
Onde todos aceitam bem a dura crítica
O povo tem que aprender a triste prática!


João Furtado

Praia, 20 de Março de 2011