quinta-feira, 15 de março de 2012

MONOLOGO DA RABIDANTE

Sou jovem, dizes e afirmas
Que quase criança ainda
Na escola devia estar
E tens razão estudo e trabalho
E na rua revendo a minha pobreza
Não sabes, mas tenho o meu Douglas
Na rua deve estar agora
Ou na casa de algum caridoso visinho
Por favor não leve o meu cesto
Vender não é crime,
Crime é roubar
É para meu Douglas comer
Estou a chorar
Não vês as lágrimas
Que meu rosto molha
E escorre rumo ao mar
Formando rio
Jamais existente
Nesta Praia de pouca cheia?

Ganhas teu pão sei
E te pedem para ordenar a cidade
sei que tens razão
Eu devia pagar imposto
E no mercado vender
Mas como vender
se com dinheiro o imposto pagar?

Sozinha vivo eu e tenho um filho
Já nos conhecemos...
Várias vezes de ti fugi
E várias vezes por ti... Esquecida
Podes Esquecer de mim
Mas única e última vez?
Juro e prometo vou mudar
Vou deixar que está enorme
Rua chamada de Pedonal
Sirva apenas para passear
Vou estudar e vender sempre
Até encontrar outro modo de vida
Venderei no Mercado da Praia...!
Mas dás-me o meu Cesto?
É comida do Douglas, meu pequeno filho!

João Furtado
Praia, 15 de Março de 2012