quinta-feira, 22 de março de 2012

A POTÁVEL FAZ TANTA FALTA

A POTÁVEL FAZ TANTA FALTA

Ontem teve na minha velha cidade
Um encontro de verdadeiros poetas
Não levei comigo a Dona Poesia...
Fiz o papel dos puros patetas
Achei que não havia necessidade!

O porteiro que era Senhor Poema
Pediu-me o passe em palavra
"A Dona Poesia está com azia..."
E era verdade simples e pura
Não era este o esperado tema!

Pobre e com bolso sem grana
Estava eu sem fato de gala
Roto e sujo o que esperaria...
Levantando a pesada bengala
afirmava... Só a rua te destina!

De repente apareceu a inspiração
É Amanha, que será 22 de Março
Da agua pura e fresca o sublime dia
Deixa-me passar, abra o espaço
Que trouxe a Poesia no coração!

Podes ver a tua volta e distinguir
Algum poeta do pedreiro ou sapateiro
falava ele enquanto para mim sorria
Pasmado eu... No sentido mui verdadeiro
Era impossível, tive que concordar e sorrir...


Sem o passe em palavra bem escrita
Não entras enquanto for eu o porteiro
Vai e escreve para a agua uma poesia
Que ela é o único e puro tesouro
E como... A potável faz tanta falta...!

João Furtado

Praia, 22 de Março de 2012