quinta-feira, 13 de novembro de 2014

A DOENÇA DA ALMA

Esta bem Cremilde Vieira da Cruz vou colocar cá, mas cuidado, faz parte de um livro que ainda não foi revisto... E escrito de noite, na solidão de um quarto de hotel:

                                     A DOENÇA DA ALMA
A Biazinha estava com 12 anos e nunca via no espelho. Era triste e estava sempre a chorar. Tudo porque tinha uma enorme mancha na face. A infeliz sentia-se a mais feia do mundo. Não tinha amigos nem amigas, pois ninguém conseguia conviver com ela.
Certo dia, sem que ela pudesse esperar, apareceu uma menina. Chamava-se Maria e se fez amiga dela. A Maria era alegre e sempre bem disposta. Suportava todo o mau humor da Biazinha e estava sempre disposta a perdoar-lhe. A Biazinha, depois de algum tempo, começou a gostar da Maria. A admirar as qualidades dela, sempre alegre e sempre com boa disposição. E pouco tempo depois uma e outra tornaram inseparáveis.
Num belo dia de sol, a Maria chamou a Biazinha e lhe disse:
-Biazinha, vem vamos passear, vamos contemplar a natureza!
-Não me apetece sair! – Respondeu-lhe a Biazinha.
-Vem menina, vem contemplar a natureza e juntas, eu e tu. Enquanto vivemos, devemos contemplar o que é de bom e dar graças a Deus!
-Não… Não sou como tu, és linda e perfeita! Tu sim, podes agradecer as coisas boas que Deus te deu. À mim, só me deu tristeza e está grande marca no rosto.
-Tudo bem, não queres sair, mas podes me ouvir. Senta-te, vamos falar, mas antes vais ver uma coisa...
A Maria tirou a roupa, nua, mostrou-se para a Biazinha. Tinha uma enorme marca. Não era mancha, era um corte enorme na parte torácica….
-Estás a ver? Veja bem! Sou doente, falta-me pouco tempo de vida. Há qualquer momento pode me dar uma crise e eu partir desta para melhor.
-Porque és feliz ? Porque estás sempre alegre e sempre bem disposta?
-Agradeceu a Deus porque me deu a vida e me faz, enquanto vivo, ver a Sua maravilhosa obra. Eu sofre diariamente, mas há quem sofre mais… Tu, por exemplo…
-Eu? Eu não sofro de nenhuma dor…
-Sofres sim, Biazinha, tu não sabes, mas sofres, tens a dor na alma, que eu não tenho. Sei que o meu coração pode parar à qualquer momento, mas a minha alma é saudável. Ela é alegre e tem a esperança de se encontrar com Deus.
-Nunca mais vou reclamar. A partir de hoje, vou agradecer a Deus por me dar uma amiga como tu. Sim vamos sair e contemplar a natureza.
Sair e foram passear. Brincaram e falaram, mas de repente… A Maria deu um grito. A Biazinha viu-a cair. Chorou e gritou pela ajuda. A mãe da Maria apareceu. Pegou a Maria e colocou na ambulância, que entretanto ao pedido de alguém havia chegado. A Biazinha também entrou na ambulância, não queria separar-se da amiga…
Ela pegou a Maria na mão, esta lhe apertou também e a sorrir disse:
-Vou partir, e vou alegre, por te ter curado amiga!

FIM
Feito no dia 17 de Março de 2014, no hotel Hilton, quarto 752.

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