terça-feira, 31 de outubro de 2017

A CRÓNICA DO ACAS-O CAIPIRA

ACAS

A - Acredito meu Caipira amigo, até porque
U - Um frangueiro é goleiro atual do meu Benfica
G - Golo sofre de todo os gostos e feitios
U - Um o último parecia artilheiro adversário...
S -  Sem duvidas que o teu Augustão
T - Teria lugar e espero surja um novo e...
à - Ao meu Benfica seja indicado
O - O meu abraço de sempre da Praia,

João Furtado 





A - Amigo Caipira ACAS
N - Na verdade estou e sou como amigo
T - Tenho a sombra onde me escondo
O - O poema, este me persegue e faço-o
N - Não nego um conto de vez em quanto...
I - Imagino o tal “gol bizarro” e a caixa da cerveja
O - Olha que tem arte no teu conto/crónica

PARABÉNS,

João Furtado

Estes poemas foram escritos depois de de ler uma bela crónica, tão pela que pareceu-me ser um conto da autoria do meu amigo ACAS-CAIPIRA. Segue para lerem aqui, com a autorização do meu amigo, o autor ACAS:

Histórias do Futebol Rural DO ACAS


Nos tempo de eu menino e caipira, gostava muito de futebol; coisa que sempre me acompanhou. Nunca perdia uma chance de jogar ou assistir jogos de futebol, lá na fazenda onde eu morava ou nas fazendas vizinhas.
Certa vez, num domingo do fim de ano, foi marcado um jogo entre casados e solteiros. Seria aquela a primeira vez que eu veria tal tipo de jogo. A pessoa que organizou era o administrador da Fazenda Santa Iria, e seria lá que o evento ia acontecer.
Minha irmã, então com dezessete anos, namorava o meia direita titular do esquadrão do time da Fazenda Estrela D´Oeste. Como a Santa Iria era muito longe de casa, o namorado dela afirmou que, tão logo que o jogo acabasse (por volta das cinco da tarde), ele viria até nossa casa para namorar. (Naquele tempo, o namoro era ficar sentado na sala de visitas com o sogrão ou a sogrona acompanhando a conversa, sem nada de se tocarem). A única folga era quando era servida uma merenda, domingo à noite, quando os sogros os deixavam sentados na mesa da cozinha, um de cada lado da mesa. Pois bem!
O “meu cunhado”, começou o jogo, pois ele era o maior craque do time dos solteiros. Jogo duro, disputado. Primeiro tempo, zero a zero. E o couro comendo, chute para o meio do mato, provocações, faltas nem sempre marcadas pelo juiz. O administrador da Santa Iria que vestia a camisa número dez, igual ao do menino Pelé, apitava junto com o juiz: era ele, e não o juiz, que determinava se a bola teria saído ou não, se foi falta ou não, e o pau comia solto, muitas canelas escalavradas depois de oitenta e cinco minutos de jogo, quando o administrador da Santa Iria decidiu que a bola tinha tocado na mão do Pedro Teixeira, o tirador de leite da fazenda Estrela D´Oeste e reserva do segundo quadro do esquadrão da Estrela. Evidentemente que a bola não havia tocado na mão do Pedro, porém como a autoridade do administrador era imperiosa, o juiz concordou e marcou o pênalti, que poderia dar a vitória do time dos casados.
O “meu cunhado” vai até o goleiro dos solteiros e diz a ele que, se o time dos casados não marcar o gol no pênalti, ele pagaria, depois do jogo, uma caixa de cerveja para o time dos solteiros beberem as vinte e quatro garrafas! O Augustão, carroceiro da Fazenda São José, sorriu um sorriso aberto e disse:
-Pode dexá que aqui num passa nada! Manda gelá as cerveja!
Na hora de bater o pênalti, houve uma hesitação do time dos casados. Ninguém queria bater o pênalti, devido à fama do Augustão de, apesar de jogar no time reserva (segundo quadro), era muito bom pegador de pênaltis. E discute que discute, o administrador da Santa Iria resolveu que ele mesmo iria bater o pênalti. Pegou a bola e saiu, em passos decididos até a marca da cal das onze jardas. Colocou a bola no chão, abaixou a cabeça e se afastou até a risca da grande área, pois sua intenção era chutar com muita força, o quê o Augustão não poderia esperar dele. Houve um murmurinho aqui e acolá, a torcida, formada pelas mulheres do time de casados, a molecada e todo mundo, se postaram atrás do gol do Augustão para ver a batida de pênalti. O juiz pediu para nenhum jogador entrar na grande área na hora de bater o pênalti, senão ele expulsaria quem o fizesse e ainda mandaria repetir a batida.
O Augustão se postou no meio do gol. O administrador com a mão nas cadeiras aguardando o apito do juiz; a torcida ansiosa; “meu cunhado” preocupado; será que teria que pagar a caixa de cerveja?
Silêncio total. Podia-se ouvir o farfalhar das folhas dos eucaliptos atrás do gol do Augustão!
O administrador resolve tomar ainda mais distância e saiu da meia-lua e se afastou mais uns quatro ou cinco metros. Todo mundo na expectativa. O juiz apitou.
Caros leitores a confusão que se seguiu foi das coisas mais incríveis que presenciei na minha vida: o administrador correu aqueles onze metros até a marca do pênalti e desferiu um potentíssimo chute. O Augustão não teve tempo nem de piscar e a bola já havia se chocado com o travessão e subiu. O Augustão, todo feliz, por não ter tomado o gol, saiu pulando e festejando na direção do “meu cunhado”.
-Vamo  tomá  aquela cerveja prometida, sô!
Porém o destino às vezes conspira contra! O que todo mundo viu, menos o Augustão, foi que a bola subiu bem uns quinze metros, porém depois desceu com “efeito” e, devagar, aos poucos, pulo por pulo, foi acabar no fundo da rede do gol do Augustão, que se encontrava festejando fora da área.
O Augustão parou de jogar no gol depois daquele jogo memorável e meu cunhado (afinal acabou mesmo casando-se com minha irmã), não precisou pagar a caixa de cerveja. O jogo terminou logo após o gol, por definição e exigência do administrador e cada um foi para sua casa, contar sobre o gol incrível e como foi que o time de casados, com quase todos os jogadores na faixa dos quarenta anos de idade ou mais, havia ganhado do time dos solteiros, uma molecada novinha e ainda com um jogador titular do esquadrão do time da Estrela e com o goleiro reserva de tal afamado time.

Antonio Carlos Affonso dos Santos


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