segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

A NHANHA DO FIM DO MUNDO

A Nhanha morava no fim de Mundo
Bela e jovem mulher a mais linda
Contava o meu pai sempre que lhe pedia
De Pedro ele afirmava ser um mulato de Cabo Verde
Ela era tão rica e prendada que nunca deu um passo
Faz Pedro uma longa viagem sem destino
Gestos mil de bondade ele pratica e para cada um
Há um prémio e é um lenço aparentemente normal
Imaginem que depois se transforma em prata e ouro e diamante
Já cansado ele chega a frente do enorme palácio
Levanta os olhos e vê e sente palpitar o coração
Manso e educado bate a porta e pede a água
Na casca de coco é lhe dado à ordem da Nhanha
O lenço de prata que também lhe espanta limpa a boca
Para Nhanha ver de onde sentada está e a cobiça querer
Quer Pedro apenas lhe conhecer e em troca vai ela a janela
Repara nele e ele nela e começa a nascer um sentimento
Sentimento que cresce no dia seguinte e seguinte e seguinte
Tendo o Pedro ficado sem os lenços e a Nhanha apaixonada
Um abraço lhe dá e tudo deixa para trás e com o Pedro
Vem para Cabo Verde morar no funco rico de amor
Xerem as vezes sem peixe fazer e para beber ir a fonte
Zelando pelo Pedro e chorando para que chova e dar esperança para
K – cuscuz de milho novo fazer para os filhos que amor trouxe…
W – Via nos sonhos a Nhanha e o Pedro e perguntava a mim mesmo  

Yes-sim… O que tinha Cabo Verde? A morabeza eu vim a descobrir mais tarde.

João Furtado
Praia 11 de dezembro de 2017

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